Aqui está o link do comercial. Se
ficar com medo peça para um adulto assistir com você.
Não se discute a importância do
Conar, a autorregulamentação do setor mantém o nível de ética e qualidade no
mercado publicitário. Ninguém mais do que nós, quer o fim de profissionais
desqualificados e sem escrúpulos. Mas algumas das denúncias recebidas pelo
conselho são no mínimo exageradas.
Figuras comuns no Conar são os
comercias de bebidas alcoólicas, principalmente as cervejas. A campanha “Bar X
Casa” da Brahma foi denunciada por incitar pais de família a abandonarem seus
lares, e inclusive à infidelidade.
Há casos notórios, como a
representação contra a Hope. A campanha em que Gisele Bündchen ensina a maneira
“certa” e a “errada” de dar notícias ao marido foi considerada por muitos
sexista e preconceituosa. Pra quem ainda não entendeu, homens e mulheres são
diferentes. As mulheres não devem erguer bandeiras para serem iguais aos
homens, elas devem exigir que suas diferenças sejam respeitadas.
A menos que exista uma pesquisa
mostrando que mulheres compram lingerie sensual para sentirem-se mais
inteligentes e politizadas, acredito que a campanha fala o que a consumidora
quer ouvir, que usando Hope ela vai ficar mais sexy. Por acaso é errado a
mulher querer se sentir bonita e desejada?
Exemplos como o da campanha do
azeite Gallo nos fazem ler e reler um anúncio antes de publicá-lo. Na peça
denunciada aparece a frase: “O nosso azeite é rico. O vidro escuro é o
segurança.” A ideia era fazer uma metáfora comparando o
vidro escuro com o segurança particular, figura normalmente vista como um homem
forte, de terno preto que acompanha pessoas muito ricas. Infelizmente alguns
entenderam que a chamada fazia alusão a pessoas brancas serem ricas e negras
serem pobres.
O uso da conotação em publicidade
é sempre um risco. Devemos lembrar da máxima popular que diz que comunicação é
o que o outro entende, e não o que eu falo. Margens para a interpretação equivocada
de uma ideia podem condenar uma campanha, e até uma marca, ao fracasso.
É claro que empresa nenhuma nos
dias de hoje publicaria um texto racista intencionalmente, mas se essa
interpretação é possível é porque houve uma falha gravíssima na redação. A meu
ver essa é apenas uma campanha ruim e mal feita.
Agora entramos em um terreno
hostil, o universo infantil na mídia. Um trabalho voltado para esse público com
certeza vai passar por uma análise criteriosa do Conselho. Há pouco tempo vimos
a guerra entre o Conar e o instituto Alana que foi motivada por uma queixa
contra a rede MacDonald’s. O instituto alega que os brinquedos que vem de
brinde junto com o Mac Lanche Feliz
induzem às crianças a desejarem o kit independente da comida.
Se começar a falar sobre isso, ao invés de um
post, vou acabar escrevendo um livro. Só gostaria de colocar uma estória que ouvi
quando pequeno. O velho Adams no final do século XIX havia criado a goma de
mascar. Mesmo o produto sendo bom ele não conseguia vender, então por sugestão
de um amigo começou a embrulhar o chiclete em figurinhas de jogadores de
beisebol. E o chiclete virou febre mundial.
Nem o governo escapa do Conar
quando se fala em publicidade para crianças. A campanha do ministério da
agricultura que enaltecia os poderes do Super Café foi alvo de investigações e
todos os benefícios tiveram que ser cientificamente comprovados.
Como vimos o trabalho do conselho
não é nada fácil. É preciso muito cuidado para não se deixar levar por
entidades radicais, falsas denúncias que visam prejudicar concorrentes, e em
alguns casos temos a impressão de que as próprias empresas denunciam suas
campanhas para conseguir maior visibilidade.
Encerro convidando todos a darem sua
opinião sobre o tema e exemplos apresentados.
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