Outro
dia na aula de português o professor tentou nos explicar que todo texto
impresso é um hipertexto, mas nem todo hipertexto é um texto impresso.
Realmente ficou meio confuso isso, mas vou tentar explicar de uma maneira tão
simples que até eu entendi.
Agora você deve estar
perguntando: “Esse blog não era pra falar de publicidade? O que português tem a
ver com isso?” A resposta é simples, tudo. Você não precisa ser um profundo
conhecedor da norma culta da língua para fazer publicidade, mas os conceitos
básicos para a comunicação efetiva são indispensáveis, e como vimos em outros
posts evitam grandes dores de cabeça. Então voltemos ao português.
Vamos retomar rapidamente os dois
conceitos.
Texto é uma sequência de palavras dotadas de intencionalidade e
sentido. O
hipertexto por sua vez pode comportar palavras, imagens, sons, links
e ferramentas de interatividade.
Então, quando escrevo ou falo um
texto é preciso que eu queira comunicar algo a outra pessoa e que ela queira me
dar atenção. Além disso, eu devo me assegurar que o outro tem conhecimento
suficiente para dar significado àquilo que eu digo.
Aí surgem mais dois conceitos bem
fáceis de entender, o de significante e significado.
Se eu digo, por exemplo, “vende-se
um cavalo”, a palavra cavalo, tanto na sua forma escrita quanto o seu som, é um
significante, é a representação de alguma coisa. A coisa que você reconhece
quando vê ou ouve esse significante vem a ser o significado. Logo, a frase “vende-se
um cavalo” tem intencionalidade e sentido, ela é um texto.
Quando se depara com o significante “cavalo”
seu cérebro faz um link dele com uma memória ou uma imagem para lhe dar
significado. Se há um link e uma imagem, mesmo que mentais, a frase é um
hipertexto. O link pode ser também do significante com o contexto em que ele se
apresenta. Se alguém lhe aborda na rua com um cigarro na mão e lhe pergunta
“Fogo?” você vai ligar a palavra à situação e compreender que a pessoa quer saber
se você tem como acender o cigarro. Se por outro lado alguém passa gritando
“fogo!” sabe-se tratar de um incêndio. O link do significante com o contexto
altera o significado.
Sem esse elo, mental ou contextual,
é impossível ao receptor de uma mensagem lhe dar significado. Sem significado a
mensagem não é um texto. Então, como falado no início do post, todo texto obrigatoriamente
precisa ser um hipertexto.
Agora vejamos outro exemplo. Se eu
digo “Vende-se um modulador RF”, é provável que você não faça ideia do que é
isso. Modulador RF é um significante sem significado, logo esta frase não é um
texto. Ela deve ser reformulada e elaborada de maneira a explicar do que se
trata, tal como, “Vende-se um modulador RF. Ele é um aparelho necessário para
ligar aparelhos com saídas de áudio e vídeo em televisões mais antigas que tem
apenas a entrada de antena.” Agora você reconhece termos como vídeo, televisão
e antena e já pode ter uma noção de o que vem a ser o objeto da venda. A frase
se tornou um texto.
Com um hipertexto isso fica mais
simples. Veja a seguir:
Vende-se modulador RF
Pode-se ainda agregar um hiperlink
como
este
para uma fonte externa de informação. Agora você tem meios de encontrar o
significado das palavras da frase, mas ela por si só não muda. Ela continua não
sendo um texto. É um exemplo de hipertexto que não é um texto.
Acredito que agora a ideia inicial
do post esteja mais clara. Caso ainda não tenha compreendido vai uma dica,
tente explicar os conceitos para alguém. Seu interlocutor possivelmente não irá
entender muita coisa, mas você aprenderá com você mesmo. Funciona, pode tentar.
Deixe sua opinião ou dúvidas nos
comentários, é pra isso que eles servem, para que a gente se comunique.