segunda-feira, 18 de junho de 2012

Conotação x Denotação, mas qual a diferença?



Essa confunde bastante gente, mas a regra é super simples:

Denotação é o emprego de palavra(s) no seu sentido próprio, comum, habitual, preciso, aquele que consta nos dicionários.

Conotação é o emprego de uma palavra tomada em um sentido figurado, que depende do contexto.




Não! Vou explicar melhor:


Nesse vídeo, mais precisamente na frase “ Que Renato? Eu disse Meu Gato!”, o emprego da palavra GATO, tem sentido conotativo, pois não quer dizer felino doméstico e sim rapaz muito bonito.



Já neste, pode ver o emprego da palavra gato, em seu sentido real, ou seja, do dicionário: animal doméstico muito ágil. Logo o signo apresenta sentido denotativo.


Incompetência lexical como regra



Na grande maioria dos posts aqui no blog discorremos sobre a importância do domínio da língua portuguesa para uma comunicação eficiente. Hoje o objetivo era defender a competência lexical, que é a riqueza no vocabulário.

Cada palavra representa uma coisa específica, cada significante tem um significado, lembra? Então quanto mais palavras conhecermos mais fácil será a comunicação sem erros de compreensão. Mesmo o uso de sinônimos nem sempre é uma saída viável visto que não existem sinônimos perfeitos. Belo, bonito e lindo podem ser sinônimos, mas não têm significado igual.

Então, leiam muito, sejam autênticos, tenham um vocabulário farto para evitar a repetição de palavras e desapareçam na internet.

Isso mesmo. Pesquisando na internet sobre como aumentar o número de acessos ao blog descobri que para ter um fluxo expressivo de visitantes o mais importante é aparecer nas primeiras posições nos resultados em sites de busca.

E como se faz isso? Simples, usando as palavras chave mais buscadas e as repetindo várias vezes ao longo do texto. Também nem tão longo. Segundo estes sites de dicas, uma maneira de fazer com que os internautas leiam um texto do blog é o editar de maneira que caiba em apenas uma tela. Grande parte daqueles que acessam um site ao perceber que terão de fazer um absurdo esforço e rolar a página nem iniciam a leitura.

Então, fale sobre o que todo mundo está falando, escreva textos curtos e de fácil digestão. Você com certeza será visto. É como dar uma cambalhota na frente dos colegas de trabalho. Cabe a você escolher como quer ser visto, como alguém que tem algo a dizer ou como o bobo da corte.

Já dizia a paródia do Jô Soares: “A internet é um analfabetamento.”


E essa tal de METÁFORA hein?




A metáfora consiste em retirar uma palavra de seu contexto convencional (denotativo) e transportá-la para um novo campo de significação (conotativa), por meio de uma comparação implícita, de uma similaridade existente entre as duas.
Em outras palavras, é uma figura de estilo (ou tropo linguístico), que consiste numa comparação entre dois elementos por meio de seus significados imagísticos, causando o efeito de atribuição "inesperada" ou improvável de significados de um termo a outro. Didaticamente, pode-se considerá-la como uma comparação que não usa conectivo (por exemplo, "como"), mas que apresenta de forma literal uma equivalência que é apenas figurada.


Tá, mas e na prática como se aplica a tal metáfora?
Abaixo temos um exemplo de comercial explorando a línguagem metafórica:


Ruffles, a batata da onda? Sim, considerando que o público alvo do produto é jovem, a marca utilizou o termo onda, referindo-se à “ batata do momento”, brincou com o formato da batata:


Tá, mas isso é metáfora? Claro que sim, caso não fosse seria assim:


AH, agora sim deu pra entender o sentido de metáfora e a importância de sua utilização em peças publicitárias

domingo, 17 de junho de 2012

Linguagem Conativa x Propaganda


Hoje falaremos sobre a linguagem conativa, muito usada em peças publicitária (às vezes de forma abusiva). Esta função transmite uma informação objetiva, ou seja, expõe dados da realidade de modo objetivo, não faz comentários, nem avaliação. Geralmente, o texto apresenta-se na terceira pessoa, pois transmite impessoalidade. A linguagem é denotativa, ou seja, não há possibilidades de outra interpretação além da que está exposta.

Muito usada em comercias, deve se tomar muito cuidado ao utilizá-la, nos exemplos a baixo podemos perceber alguns casos em que a linguagem conativa foi utilizada de forma explícita:


  

(Beba Coca- Cola – Deliciosa e Refrescante)

Essa propaganda é mais antiga, mas é interessante como os recursos de hoje continuam os mesmos que há algum tempo atrás: o verbo no imperativo drink/beba é uma característica marcante do gênero propaganda. Muitas vezes as propagandas jogam pesado para nos fazer consumir, uma vez que exageram, insistem, ordenam, ou seja, fazem de tudo para "fisgar" o consumidor.


Outra campanha famosa, banida pela Conar por incentivar o consumo infantil:




Analisando as peças, facilmente podemos constatar que o objetivo comunicativo das propagandas é convencer, persuadir o interlocutor. Para isso, utiliza-se de recursos verbais e visuais, que precisam ser entendidos como um todo, isto é, dentro de um contexto discursivo. Dentre os recursos verbais encontramos os verbos no imperativo, importantes armas de convencimento, que agem diretamente no interlocutor, para levá-lo a agir.

 



terça-feira, 12 de junho de 2012

Publicidade e suas linguagens

Num post anterior já falamos sobre uma das funções da linguagem, a função fática. Agora abordaremos a função conativa, que é a mais utilizada na publicidade tanto da maneira correta quanto de maneira agressiva e desleal.

É preciso cuidado para não confundir conação com conotação. Conotação é a figurativização e alteração do sentido das palavras, a metáfora. O uso dela já foi brevemente abordado no blog e logo será melhor explicado. A função conativa, ou imperativa, tem por objetivo convencer, ordenar, questionar ou persuadir o interlocutor.

Ora, se quero que alguém compre meu produto a maneira mais clara de transmitir esta mensagem é dizendo “compre meu produto”.

Outro exemplo de uso da função conativa está aqui.

O grande problema desta simplicidade toda é que o feedback pode ser igualmente sucinto “Não, obrigado”. E agora?

Agora a função conativa se disfarça de referencial.  A função referencial é aquela que apenas informa o interlocutor através de uma descrição ou narrativa. Com a intenção de quebrar a resistência do consumidor em entrar em uma negociação, o anunciante parece apenas informar os benefícios do produto. Somente depois de superada esta barreira é que a função conativa aparece.

Escolhi aleatoriamente na internet o anúncio de um condomínio, basicamente todos eles seguem a mesma fórmula.

Chamada de apelo emocional, detalhamento das maravilhas do condomínio e fechando tudo isso “visite as casas decoradas”.

Até aqui tudo bem, todo mundo sabe que a publicidade é conativa. Às vezes parece que as pessoas esquecem isso, mas publicidade serve para fazer pessoas comprarem coisas. O problema é quando isso não é dito abertamente.

É cada vez mais acintoso o uso do merchandising, mesmo essa sendo uma prática criminosa por ferir o artigo 36 do código de defesa do consumidor que diz "A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal."


Quando o expectador vê um personagem em uma novela usando um determinado produto ele pode entender que este é usado na novela por ser melhor que os outros, e não por estar pagando pelo espaço publicitário. A função conativa está implícita e o consumidor é induzido a comprar um produto.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Manual do estagiário

Hoje, garimpando conteúdo na internet, tive uma feliz surpresa. Encontrei disponível para download um manual para o estagiário em agências de publicidade. Você pode baixá-lo aqui. Na verdade, se você espera conseguir uma vaga de estágio em uma agência séria você não pode, deve baixar e ler o manual agora.


Nele Eugênio Mohallem, um dos mais bem sucedidos publicitários do Brasil, nos mostra como dar os primeiros passos neste tão disputado mercado. E tão importante quanto, nos mostra o que não fazer de maneira nenhuma.

Não vou me ater numa longa descrição da relevância e da qualidade das informações contidas no manual, isso já estará evidente logo que você começar a lê-lo. Sinceramente acho que já deveria ter feito isso antes de ler o resto do post, o que o autor tem a dizer nele é tão importante que cada minuto é crucial. Da minha opinião pessoal só quero destacar a qualidade da redação do texto. Com um conteúdo tão rico isso pode passar despercebido, mas a técnica de Mohallem torna a leitura fácil e extremamente agradável. Têm-se quase a sensação de uma conversa com um amigo que nos dá conselhos com sincero interesse.

Você ainda está perdendo tempo comigo? Vai ler o manual.

Leia antes de criticar o Conar

Parece piada, mas não é. Um consumidor realmente entrou com uma representação no Conar pedindo a suspensão do comercial da Ford com o lutador Anderson Silva por se sentir coagido a comprar um carro da montadora.


Aqui está o link do comercial. Se ficar com medo peça para um adulto assistir com você.


Não se discute a importância do Conar, a autorregulamentação do setor mantém o nível de ética e qualidade no mercado publicitário. Ninguém mais do que nós, quer o fim de profissionais desqualificados e sem escrúpulos. Mas algumas das denúncias recebidas pelo conselho são no mínimo exageradas.

Figuras comuns no Conar são os comercias de bebidas alcoólicas, principalmente as cervejas. A campanha “Bar X Casa” da Brahma foi denunciada por incitar pais de família a abandonarem seus lares, e inclusive à infidelidade.



Há casos notórios, como a representação contra a Hope. A campanha em que Gisele Bündchen ensina a maneira “certa” e a “errada” de dar notícias ao marido foi considerada por muitos sexista e preconceituosa. Pra quem ainda não entendeu, homens e mulheres são diferentes. As mulheres não devem erguer bandeiras para serem iguais aos homens, elas devem exigir que suas diferenças sejam respeitadas.

A menos que exista uma pesquisa mostrando que mulheres compram lingerie sensual para sentirem-se mais inteligentes e politizadas, acredito que a campanha fala o que a consumidora quer ouvir, que usando Hope ela vai ficar mais sexy. Por acaso é errado a mulher querer se sentir bonita e desejada?





Exemplos como o da campanha do azeite Gallo nos fazem ler e reler um anúncio antes de publicá-lo. Na peça denunciada aparece a frase: “O nosso azeite é rico. O vidro escuro é o segurança.” A ideia era fazer uma metáfora comparando o vidro escuro com o segurança particular, figura normalmente vista como um homem forte, de terno preto que acompanha pessoas muito ricas. Infelizmente alguns entenderam que a chamada fazia alusão a pessoas brancas serem ricas e negras serem pobres.

O uso da conotação em publicidade é sempre um risco. Devemos lembrar da máxima popular que diz que comunicação é o que o outro entende, e não o que eu falo. Margens para a interpretação equivocada de uma ideia podem condenar uma campanha, e até uma marca, ao fracasso.

É claro que empresa nenhuma nos dias de hoje publicaria um texto racista intencionalmente, mas se essa interpretação é possível é porque houve uma falha gravíssima na redação. A meu ver essa é apenas uma campanha ruim e mal feita.


 Em alguns casos me parece que representações no Conar são o reconhecimento de uma campanha de sucesso. Quanto mais destaque, mais gente reclamando. É o caso da campanha dos pôneis malditos da Nissan. Foram dezenas de críticas à peça por ligar a palavra “malditos” a figuras do universo infantil.



Agora entramos em um terreno hostil, o universo infantil na mídia. Um trabalho voltado para esse público com certeza vai passar por uma análise criteriosa do Conselho. Há pouco tempo vimos a guerra entre o Conar e o instituto Alana que foi motivada por uma queixa contra a rede MacDonald’s. O instituto alega que os brinquedos que vem de brinde junto com o Mac Lanche Feliz  induzem às crianças a desejarem o kit independente da comida.


 Se começar a falar sobre isso, ao invés de um post, vou acabar escrevendo um livro. Só gostaria de colocar uma estória que ouvi quando pequeno. O velho Adams no final do século XIX havia criado a goma de mascar. Mesmo o produto sendo bom ele não conseguia vender, então por sugestão de um amigo começou a embrulhar o chiclete em figurinhas de jogadores de beisebol. E o chiclete virou febre mundial.

Nem o governo escapa do Conar quando se fala em publicidade para crianças. A campanha do ministério da agricultura que enaltecia os poderes do Super Café foi alvo de investigações e todos os benefícios tiveram que ser cientificamente comprovados.



Como vimos o trabalho do conselho não é nada fácil. É preciso muito cuidado para não se deixar levar por entidades radicais, falsas denúncias que visam prejudicar concorrentes, e em alguns casos temos a impressão de que as próprias empresas denunciam suas campanhas para conseguir maior visibilidade.

Encerro convidando todos a darem sua opinião sobre o tema e exemplos apresentados.

Muitos outros ainda podem ser encontrados em www.conar.org.br na guia “Decisões e Casos”.